- Joyffer, obrigado pelo seu tempo para esta entrevista à
Brazil Legion. Já começo agradecendo, por me desafiar enquanto fã de Black
Metal, pois o “An Ancient Cult to the Aesir” é algo até difícil de se traduzir
em palavras…
Agradeço pelas palavras, o Ancient Cult é um projeto bem
pessoal pra mim, é a materialização de todo um conjunto de esforços despendidos
por mim numa época nem específica da vida, então nesse disco está sintetizado
tudo que eu estava sentindo naquele momento, então por isso eu acho que há
nesse trabalho grande variação entre peso e melodia.
- Conte-nos um pouco mais sobre a produção do material. Quem
foi o produtor? Como se deu o processo? A banda teve voz ativa nas decisões?
A produção toda do disco foi realizada por nós mesmos, eu
mesmo fiz toda a parte de produção da sala de casa, como dito anteriormente
esse disco é um projeto muito pessoal, e eu não fazia ideia do que viria a se
tornar, um disco da forma que se tornou, então a princípio era eu sentado
gravando ideias pra expressar o que eu queria com a música. Então, cem por
cento das decisões foi tomada por nós sem qualquer interferência externa.
- Outro fator interessante é que vocês mesclam ao som de
vocês, influências de música escandinava. Vocês fizeram algum tipo de pesquisa,
para poder inserir tais elementos de maneira tão natural?
Não, na verdade a ideia principal assim como as próximas
obras é somente ter uma temática fechada, saca? Um tema específico onde o disco
gira ao redor daquilo com diversos pontos de vista diferentes onde nós somos
apenas os interlocutores de situações e/ou personagens, ser natural nessa
temática foi porque a gente naturalmente achava uma temática legal a ser
explorado, assim como há diversas outras culturas , mitologias, contos, etc;
que serão abordados em breve por nós.
- Vou me abster de classificar a banda como este ou aquele
segmento, dentro do Metal. Então, passa a palavra para você! Como a banda se
classifica em termos de gênero?
Eu acho que a gente não se vê dentro de um gênero fechado no
Black Metal, tanto que se observar todo os nossos materiais lançados dá pra
observar que há bastante variação de tempo, de velocidade, de riffs, então eu
acho que fundamentalmente a gente toca o que gosta, obviamente somos grandes
fãs da primeira e segunda onda de BM, mas há influência de diversas outras
sonoridades, então é isso, eu crio o que gostaria de ouvir se estivesse do
outro lado.
- Eu adorei a produção, muito peso e tudo inteligível. Como
você nos descrevia este processo até chegar no produto final que encontramos em
“An Ancient Cult to the Aesir”?
Fico feliz que tenha gostado, nos esforçamos ao máximo pra
que, dentro das nossas possibilidades financeiras ficasse tudo o mais
inteligível possível, com peso, transições e tudo mais, foi bem trabalhoso na
verdade, eu sou músico, não sou produtor e não havia trabalhado com nada
parecido antes disso, então produzir esse disco também, além de gravar
guitarras, baixos e tudo mais foi bem desafiador e bem pessoal.
- O material já vem sendo distribuído em outros mercados?
Tive contato com o CD físico, através do pessoal da MS Metal, e acredito que
ele mereça chegar na Europa…
Sim, gostei bastante do resultado físico do disco, era a
ideia inicial que ficasse da forma que ficou, tivemos muito cuidado com tudo,
desde a parte gráfica que por vezes é muito negligenciada por algumas bandas,
escolhendo um artista incrível pra sintetizar o que era esse disco, o Rubens
Snitram (Azoth), que fez um trabalho impecável. Quanto a distribuição nós temos
uma parceria bacana com a Eternal Hatred Records, e todo o processo de
distribuição na Europa e em outros mercados está em andamento por eles.
- Outro ponto importante é que vocês optaram pela cultura
nórdica, para inserir as letras nas composições. Fugiram da cultura latina?
Podem nos explica isso?
Na verdade não foi pra fugir da cultura latina, até porque a
cultura latina tem uma temática vasta que certamente será abordada por nós em
breve, na verdade como dito antes era um tema que eu tinha em mente e o
principal aspecto a ser explorado era que fosse um tema fechado, e essa
mitologia é bem rica, mas é mais uma entre diversas outras a serem exploradas,
então não há devoção há cultura nórdica nem nada parecido, então se observar
mais a fundo as letras não sou eu falando, somos interlocutores daqueles
personagens e eu curti o resultado final.
- Suponho que “An Ancient Cult to the Aesir” já esteja sendo
promovido ao vivo, como tem sido os shows em suporte ao disco?
Sim, temos tocado relativamente bastante na divulgação do
disco, obviamente estar fora dos grandes eixos do metal extremo nos traz
dificuldade, mas tocamos em diversos estados e regiões do país, acabamos de
chegar de uma recente turnê pelo nordeste em que ficamos um mês fora, rodamos
8mil quilômetros e foi insana a recepção do público, o apoio em aquisição de
disco, camisetas nos manteve na estrada, tocamos também recentemente no
Paraguai e temos alguns shows muito importantes ainda esse ano, no ano que vem
esperamos alcançar ainda mais lugares e países, quem sabe uma turnê europeia
que vem sendo conversada.
- Quais os planos futuros da MORKALV? Suponho que agora que
vocês contam com uma grande gravadora por aqui, um novo álbum esteja nos
planos, confere?
Sim, está em andamento já, nós estamos no processo de pré
produção do segundo disco, lançamos em maio agora o EP Mysanthropic Luciferian
Order, e agora estamos focados no novo disco que está previsto para lançamento
em meados de jan/abril de 2025, será um projeto tão cuidadoso com os detalhes
quanto o primeiro disco, e estamos bem ansiosos pra finalizar.
- Joyffer, mais uma vez, muito obrigado por todos os
esclarecimentos. Se algo ficou pendente, por favor…
Eu que agradeço pelos questionamentos, é muito bacana poder
conversar sobre o que nos motiva e como funciona cada aspecto da produção dos
disco, eu acho que nas entrevistas é onde realmente a gente consegue expressar
tudo isso de forma clara, agradeço pelo trabalho desenvolvido em prol do metal
underground, nos ajudando a transmitir a mensagem obscura, HAIL.