terça-feira, 28 de novembro de 2023

Resenha: Vesperaseth - Nebro

 


Por Rodrigo Maldonado

Nota: 09.5/10.0

Poucas vezes um álbum de banda brasileira me pega tão no âmago como este "Nebro", da VESPERASETH pegou! Uma obra que reflete o quão preconceituoso eu estava sendo com as bandas do meu país, e que me serviu de alerta para dar mais atenção ao que sai por aqui todo ano. Partindo daí, impossível não agradecer ao pessoal da MS Metal Agency Brasil, que vem fazendo um excelente trabalho de promoção com esses caras.

"Nebro" é um disco complexo e até de difícil definição. Acredito que estes caras transitam com o Progressivo raiz, mas inserindo a modernidade do Djent, que garante mais peso  e voracidade ao seu som. Dentro desta conjuntura, a produção é mega competente, algo que me saltou aos ouvidos quando me deparei com petardos da estirpe da faixa título, “O Medo Antigo” e “Os Eminentes”, todas elas conectadas entre si, mas ao mesmo tempo, soando díspares. Caro leitor, pode parecer loucura, mas eu me arrisco a comparar "Nebro" com qualquer coisa que tenha sido lançado no exterior nestes últimos tempos, e me refiro a nomes como Vildhjarta, Meshugga, Textures e Tesseract.

Em particular, não nego que as músicas terem as letras em português me incomodou um pouco, mas nada que tire o brilho do material. E, tenho que admitir, que eu sou um pouco chato também, pois como escuto muito álbuns em inglês, meu ouvido meio que ficou viciado. Entretanto, como sei que você não é árido como eu, vai amar a proposta integralmente da VESPERASETH. E, um último adendo, espero que este trabalho saia na versão física, pois de fato ele merece muito. Senti muita falta de estar com um encarte em mãos na minha audição, ainda que o pessoal da atual gravadora dos caras, tenha me dado um baita suporte. Fica aqui o apelo...

REVIEW EP: Dead or a Lie - Ambivalence

"Ambivalence", o sexto álbum da banda paulista Dead or a Lie, é uma jornada musical que transcende os limites do Stoner e do Hard Rock, mergulhando nas teorias fluidas de Zygmunt Bauman sobre as relações humanas na sociedade moderna. O álbum revela uma evolução notável desde o anterior "Monster", proporcionando uma experiência sonora rica e provocativa.

A faixa de abertura, "Helpless Again", é uma entrada poderosa que estabelece imediatamente a atmosfera do álbum. Os riffs pesados ​​e a voz marcante capturam a essência das incertezas e vulnerabilidades das conexões humanas, refletindo as teorias de Bauman sobre a liquidez das relações.

"The Price of Beauty" é uma explosão de energia que cativa diversos momentos, proporcionando uma sensação de intensidade e reflexão. Os arranjos intrincados e a letra profunda criam uma narrativa musical que ressoa com as complexidades dos padrões de beleza e expectativas sociais, trazendo um refrão bem específico e contemplando pra mim a melhor faixa deste material.

O título da faixa principal, "Ambivalence", não poderia ser mais seguro. A música é uma alegoria que explora as dualidades emocionais nas relações, capturando a essência do desconforto e da ambiguidade. Os ritmos envolventes e as mudanças dinâmicas refletem a fluidez dos vínculos humanos na era moderna.

“Amazement Garden” apresenta uma atmosfera mais introspectiva, revelando a habilidade da banda em criar paisagens sonoras que transcendem o convencional. As letras, em sintonia com Bauman, exploram a dualidade entre o deslumbramento e a desconstrução das ideias tradicionais de relacionamentos.

Encerrando o álbum com "An Eternity of Lies" é uma conclusão impactante. A faixa encapsula a evolução da banda, mostrando uma maturidade musical e lírica. As letras, como um eco das teorias de Bauman, com sussurros de suspense e um doom que parece trilha sonora de filmes, e que ainda continua a provocar uma reflexão profunda sobre as mentiras persistentes nas interações humanas.

Como alguém que não é tradicionalmente fã do gênero stoner, "Ambivalence" surpreendeu e cativou. A banda Dead or a Lie demonstra uma habilidade única de incorporar complexidade lírica e musicalidade, criando um álbum que transcende barreiras e ressoa com a natureza fluida das relações humanas na sociedade moderna. Uma verdadeira evolução desde "Monster", este álbum confirma o lugar da banda no cenário do rock nacional, oferecendo uma experiência musicalmente enriquecedora e intelectualmente estimulante.

A capa de "Ambivalence" continua a tradição da banda Dead or a Lie de apresentar uma simplicidade ampla. À primeira vista, pode parecer minimalista, mas à medida que os espectadores se aprofundam, descobrem que está repleto de metáforas, cada uma exigindo uma interpretação única e pessoal.

Na minha opinião, o uso da tonalidade sépia na capa é mais do que uma escolha estética. Remonta a uma era em que muitas fotografias eram armazenadas de maneira inconveniente, muitas vezes em contato com colas à base de PVC. Essa fala não apenas evoca uma sensação de nostalgia, mas também serve como uma metáfora visual para as relações humanas em constante evolução, muitas vezes influenciadas por elementos externos, assim como as fotografias da época eram impactadas por processos inadequados de preservação.

A presença de tais detalhes na capa não é apenas uma representação simbólica do passado, mas também um comentário sobre o presente. A utilização persistente deles na produção contemporânea, buscando conferir um aspecto mais tradicional ou sério, acrescentando camadas adicionais à mensagem do álbum. Assim como as relações modernas buscam uma base sólida em meio à fluidez, o uso do PVC, por exemplo, destaca a busca por uma estabilidade aparente em um mundo em constante transformação.

Ao integrar elementos visuais e conceituais, a capa de "Ambivalence" não reflete apenas a evolução musical da banda, mas também ressoa com as temáticas líricas que exploram as complexidades das relações humanas. Essa abordagem estética, com sua simplicidade aparente, convida os ouvintes a mergulharem mais fundo, assim como as relações humanas escondem uma análise mais profunda para serem verdadeiramente revelados. A capa, portanto, não é apenas uma entrada visual para o álbum, mas uma peça do quebra-cabeça conceitual, convidando cada olhar a desvendar suas interpretações.

Tracklist:
1- Helpless Again
2- The Price of Beauty
3- Ambivalence (On a Radioative Planet)
4- Amazement Garden
5- An Eternity of Lies

Para mais informações, shows e merchandise:
https://www.instagram.com/deadoralie/

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