segunda-feira, 10 de maio de 2021

RESENHA: MOFO – Sick and Insane ( 2020).


“Sick and Insane” é o primeiro álbum do quinteto thrasher MOFO. Os brasilienses, que completaram em 2020 uma década desde sua formação em 2010, já haviam lançado o EP “Empire of Self Regard” em 2017 e o single “Final Experiment”, que precedeu e compôs o primeiro álbum cheio da banda.

Se o primeiro EP já dava traços da promissora banda que surgia, principalmente pela qualidade técnica dos músicos. Em “Sick and Insane”, eles chegam ainda mais maduros tecnicamente e, ao mesmo tempo, extremamente seguros do que querem apresentar: um Thrash Metal de tirar o fôlego, extremamente intenso e inquieto. E toda essa fórmula de destruição é gerada por alguns presentes no álbum de cabo a rabo. Para começar, os caras sabem tocar. Todos eles são extremamente técnicos, desde a cozinha incansável, passando pela dupla de criativa e super entrosada de guitarristas até o versátil vocalista.

É óbvio que isso por si só não faz milagre nenhum e é mais útil para uma banda de prog ou power, mas os caras sabem usar a técnica em seu favor, sem soarem pretensiosos ou exibicionistas. A temática das letras segue a tradição do Thrash Metal em abordar temas sociais contemporâneos, tratando de comportamento, política e conflitos, entre externos e internos.

Sobre as composições, o disco se inicia com uma Intro que é logo seguida de “Adrenaline”, que como o nome já diz, os guitarristas Arthur e Shakal te botam pra correr com uma rifferama a lá Slayer e Testament e explode em vocais agudos de Emiliano que lembram desde Tom Araya até Pedro Poney, conterrâneo candango. É uma senhora música para abrir o disco, uma breja e um mosh. “Brothers Of Death” é o segundo som, que com passagens um pouco mais melódicas e solos trabalhados, fazendo lembrar um pouco o que o Kreator vem fazendo nos últimos discos. Uma boa música, mas a meu ver, uma escolha equivocada para seguir o disco. Poderia ter sido trocada com a faixa seguinte que é mais explosiva, mas é só uma questão de opinião. Essa terceira, “Time for War” começa com riffs de guitarra extremamente maldosos que remete a insanidade de “Strike of The Beast” do Exodus, onde a banda poderia ser facilmente indiciada por apologia a violência. Seguindo vem a faixa homônima ao disco, “Sick And Insane”, que deixa qualquer baixista boquiaberto se deparar com as linhas funkeadas de Pedro Dinis, que lembram o baixo do Robert Trujillo no Infectious Grooves e são seguidas por um hardcore furioso.

Aliás, vale destacar demais o trabalho da cozinha nessa música e na seguinte, “Let Them Fall”, onde a dupla rouba a cena novamente com excelentes viradas e um solo de baixo incrível. Quando você acha que o álbum pode cair, vem “Final Experiment” e te dá um coquetel de Thrash festeiro com um riff de abertura bem a lá Municipal Waste com o vocalista vociferando entre vocais agudos e mais graves. O oitavo som, “Frank”, é a música mais old school do disco, onde o MOFO apresenta harmonias características do Thrash alemão que remetem a Destruction e Tankard, mas com o batera João Paulo fazendo o contrapeso em levadas mais quebradas e aplicando com um blast beat aqui e acolá. Aliás, esse aí com certeza é um fã de Death Metal. A penúltima música “Purgatory” não me pegou muito (acho que eu fui direto pro inferno rs), talvez por ser demasiadamente polida e menos direta do disco. Mas em compensação, “Hate and Disgrace” é um tapa na orelha nos mais distraídos e encerra o disco em grande estilo.

Técnica apurada, excelentes composições, temática bem construída, produção sólida e cuidado com a parte gráfica. Tem que reparar muito para achar algo fora do seu devido lugar, e mesmo assim, é questão de detalhe. Ponto para o MOFO, que lançou um dos melhores trabalhos nacionais de 2020.



Tracklist:

1. Cynic.

2. Adrenaline.

3. Brothers Of Death.

4. Time For War.

5. Sick And Insane.

6. Let Then Fall.

7. Final Experiment.

8. Frank.

9. Purgatory.

10. Hate And Desgrace.



Line-up: 

Emiliano Gomes (vocals).

Pedro Dinis ( Bass).

Arthur Colonna (guitars).

Rodrigo "Shakal" Loreto ( guitars).

João Paulo "Mancha" (drums).


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